A rapsódia andradiana do arlequim paulista: considerações acerca da primeira edição de Pauliceia Desvairada

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Dentre as muitas raridades disponíveis para consulta no acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, destaca-se a primeira edição da icônica coleção de poemas de Mário de Andrade, Paulicéia Desvairada, escrita entre dezembro de 1920 e dezembro de 1921. O presente artigo tece uma relação entre o processo de escrita e da montagem das duas versões de capas das quais se tem notícia. A capa final não deixa muito para a figuração do leitor e concentra todos os elementos visuais na padronagem que remete à roupa do Arlequim — um detalhe que, de fato, resume e destaca o espírito lúdico, crítico e fragmentado da obra de Mário de Andrade. Essa escolha revela não apenas um cuidado estético, mas também uma intenção clara de comunicação com o conteúdo poético do livro. Para além disso, o primeiro exemplar da coleção possui manuscrito do inédito Cantiga Final, poema dedicado a Manuel Bandeira que remete a um ouroboros simbólico em consonância com o livro. Continue Lendo

“Uma visita de Vida”* à Patrícia Galvão e Oswald de Andrade: o romance da época anarquista ou livro das horas de Pagu que são minhas.

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“Uma visita de Vida” à Patrícia Galvão e Oswald de Andrade: o romance da época anarquista ou livro das horas de Pagu que são minhas analisa o diário escrito a quatro mãos por Patrícia Rehder Galvão (Pagu) e Oswald de Andrade, produzido entre 1929 e 1931, período em que os autores mantinham um envolvimento romântico. O manuscrito percorre momentos íntimos e públicos do casal, desde os encontros na Villa Rafaella e a cerimônia de casamento, passando pelo aborto do primeiro filho, até o nascimento de Rudá de Andrade e o engajamento político de ambos.
O artigo focaliza a construção da autoria compartilhada, ressaltando a predominância da escrita de Pagu, marcada pelo experimentalismo, pela transgressão e por dimensões confessionais e corporais, em contraste com as entradas mais humoradas e complementares de Oswald. Além disso, examina os aspectos materiais do manuscrito e as trocas textuais entre os dois, que transformam o diário em um espaço de inovação literária, diálogo criativo e intensa expressão emocional. Continue Lendo

A língua nheengatu enquanto instrumento em prol da civilização em “O selvagem”

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“O Selvagem”, de Couto de Magalhães, é um projeto civilizatório e de amansamento das populações originárias do norte brasileiro através de políticas linguísticas com o nheengatu. Continue Lendo

O Brasil em francês: catálogos de traduções publicados por Estela dos Santos Abreu

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A pesquisa para a produção dos seis números de edições revistas e ampliadas do catálogo O Brasil em francês durou cerca de vinte anos e contou com a ajuda de Hervé Renard, responsável pelo Observatório do Livro do Ministério da Cultura Francês. O trabalho traz informações relevantes sobre o histórico da relação literária e, sobretudo, editorial entre o Brasil e a França e concedeu a Estela dos Santos Abreu o Prêmio Biblioteca Nacional no ano de 1994 e a medalha Machado de Assis da ABL em 2008. Dos seis volumes publicados por Estela dos Santos Abreu, quatro estão disponíveis para consulta no acervo da BBM. Continue Lendo

El Paulista de la Calle Florida: Mário de Andrade comenta a literatura argentina

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O livro El Paulista de la Calle Florida reúne uma coletânea de escritos de Mário de Andrade publicados no Brasil entre as décadas de 1920 e 1940. Uma importante demonstração do trabalho de Mário como crítico literário, os textos dialogam com importantes nomes da intelectualidade argentina da época, tais como Jorge Luis Borges, Oliverio Girondo e Ricardo Guiraldes. A organização da coletânea ficou a cargo de Raúl Antelo, um importante propulsor da crítica literária latino-americana no Brasil, que também prefaciou e traduziu a obra. Continue Lendo

Iraçéma: o primeiro romance brasileiro traduzido para o inglês

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O romance de José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará, de 1865, foi a primeira obra ficcional brasileira traduzida para a língua inglesa, recebendo o título Iraçéma, the Honey-Lips: a legend of Brazil. Essa edição, lançada em 1886 com esforços do casal Isabel e Richard Burton, é peça fundamental da história da Literatura Brasileira. Continue Lendo

Dom Quixote – Cervantes, Portinari e Drummond: Um diálogo entre as artes

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Em 1973, foram publicados pela primeira vez um conjunto de 21 desenhos de Candido Portinari e de 21 poemas de Carlos Drummond de Andrade inspirados em Dom Quixote, o grande romance da literatura espanhola, escrito por Miguel de Cervantes no século XVII. Em 1985, as releituras visual e poética do pintor e do poeta brasileiros foram lançadas no México. Continue Lendo

Navio negreiro: tragédia no mar: cenários que compõem a edição de 1979

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Uma edição especial do célebre poema de Castro Alves, “Navio negreiro: tragédia no mar”, foi publicada pela Universidade Federal da Bahia em 1979. Essa edição, em que o artista plástico Hansen Bahia aparece como segundo autor, é atravessada por algumas particularidades editoriais e até mesmo históricas, incluindo uma carta de Fernando Rocha Peres a Guita e José Mindlin. Continue Lendo

Los Sertones: a obra de Euclides da Cunha pelo tradutor argentino Benjamín de Garay

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Os sertões, de Euclides da Cunha, é a obra que aparece com mais frequência no acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin quando o assunto é literatura brasileira traduzida ao espanhol. São cinco livros catalogados, sendo três publicações de Buenos Aires, uma de Caracas e outra de Madri. O marco temporal vai de 1938 a 1981, considerando que as mais recentes, respectivamente de 1980 e 1981, são justamente aquelas publicadas fora da cidade portenha. Continue Lendo

Monique Le Moing, tradutora de Lima Barreto para o francês

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Lima Barreto nunca saiu do Brasil. Entretanto, suas obras puderam circular na França devido à escritora e pesquisadora Monique Le Moing, que tinha amizade com Guita e José Mindlin. Na BBM, podemos encontrar seis livros do autor que foram traduzidos por Le Moing para o idioma francês na década de 90. Continue Lendo