A rapsódia andradiana do arlequim paulista: considerações acerca da primeira edição de Pauliceia Desvairada
Dentre as muitas raridades disponíveis para consulta no acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, destaca-se a primeira edição da icônica coleção de poemas de Mário de Andrade, Paulicéia Desvairada, escrita entre dezembro de 1920 e dezembro de 1921. O presente artigo tece uma relação entre o processo de escrita e da montagem das duas versões de capas das quais se tem notícia. A capa final não deixa muito para a figuração do leitor e concentra todos os elementos visuais na padronagem que remete à roupa do Arlequim — um detalhe que, de fato, resume e destaca o espírito lúdico, crítico e fragmentado da obra de Mário de Andrade. Essa escolha revela não apenas um cuidado estético, mas também uma intenção clara de comunicação com o conteúdo poético do livro. Para além disso, o primeiro exemplar da coleção possui manuscrito do inédito Cantiga Final, poema dedicado a Manuel Bandeira que remete a um ouroboros simbólico em consonância com o livro. Continue Lendo