Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin chega como parceira no portal Brasiliana Iconográfica

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Plataforma virtual de imagens históricas criada e mantida pela Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e Pinacoteca de São Paulo ganha reforço de imagens dos séculos XVI e XVII da coleção abrigada na Universidade de São Paulo.

A Brasiliana Iconográfica (www.brasilianaiconografica.art.br/), portal que reúne aquarelas, pinturas, desenhos e gravuras dos acervos da Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e Pinacoteca de São Paulo, realiza agora sua primeira parceria, com a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), da Universidade de São Paulo.

Description du penible voyage fait entour de l’univers ou globe terrestre, Rio de Janeiro,1610,
Olivier van Noort. Acervo Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin/USP

A plataforma virtual contempla um recorte iconográfico do universo ligado à brasiliana. O termo diz respeito à cultura e história do Brasil, incluindo estudos, publicações, referências visuais e outros tipos de documentos, datados a partir do século XVI, quando começam a circular os primeiros mapas e livros sobre a América Portuguesa.

Com a chegada da Biblioteca, o portal pretende ampliar ainda mais seu público, estreitando os vínculos com a academia. Sediada na Universidade de São Paulo, a BBM possui uma das coleções brasilianas mais relevantes do país, reunida ao longo de mais de 80 anos pelos pesquisadores e colecionadores José e Guita Mindlin.

Num primeiro momento, um conjunto de cerca de 100 a 200 imagens dessa coleção será adicionado à plataforma, em diálogo com as 2.500 obras já disponíveis. Inseridas no portal, as imagens ganham acessibilidade no display digital de alta definição, com recurso de zoom que exibe cada obra em detalhes e informa origem, temas, histórias e ficha catalográfica. Os trabalhos de cada autor são lincados diretamente ao seu verbete na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.

Se as imagens cedidas de início pelos fundadores à plataforma datavam predominantemente dos séculos XVIII e XIX, o recorte da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin enfatiza a iconografia produzida nos séculos XVI e XVII, entre registros originais e únicos, como aquarelas, desenhos e pinturas a óleo, até gravuras de circulação avulsa ou ilustrações de profissionais ou amadores do Brasil e do exterior, em especial a produção que popularmente é atribuída aos “artistas viajantes”.

Entre as imagens da BBM que passarão a integrar a Brasiliana Iconográfica, o principal destaque é a narrativa do viajante e mercenário alemão Hans Staden (1525-1576), que viveu no Brasil por oito anos. Enquanto trabalhava para os portugueses na então Capitania de São Vicente, Staden foi capturado pelos indígenas Tupinambá, que o mantiveram cativo durante nove meses. Quando obteve a liberdade, em 1554, retornou para sua terra natal, onde publicou o relato intitulado, em tradução livre, A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens, encontrados no Novo Mundo, a América (Warhaftig Historia und beschreibung eyner Landtschafft der Wilden, Nacketen, Grimmigen Menschfresser Leuthen, in der Newenwelt America gelegen). Com dezenas de ilustrações, o registro faz uma das primeiras e mais detalhadas descrições dos povos tupi da costa brasileira, com ênfase nas ilustrações do ritual antropofágico dos Tupinambá.

Também passam a integrar o portal xilogravuras que retratam a fauna e flora do Brasil no século XVI. As imagens provêm do livro As Singularidades da França Antártica (Les Singularitez de la France Antarctique), de 1558, escrito pelo missionário franciscano francês André Thevet. Ele produziu a obra após uma estadia de três meses na baía de Guanabara, então colônia francesa, registrando plantas, como abacaxi, batata-doce e mandioca, e animais, como tucano e preguiça.

A indumentária do século XVI ganha destaque nos acréscimos da BBM ao portal pela coletânea Antologia sobre a diversidade de vestimentas que estão atualmente em uso nos países da Europa, Ásia, África e ilhas selvagens (Recueil de la diversité des habits, qui sont de présent en usage, tant ès pays d’Europe, Asie, Afrique & isles sauvages), de autoria do francês François Desprez. O livro, que data de 1567, apresenta vestimentas de diversas partes do mundo, incluindo ilustrações de um casal de indígenas do Brasil claramente inspiradas nas do livro de Thevet. 

Mandioca. Les singularitez de la France Antarctique, 1558, André Thevet. Acervo Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin/USP.

Dois relatos de holandeses ao redor do mundo, mas com ênfase no Brasil, também figuram entre as obras mais importantes da parceria com a BBM: Descrição da penosa viagem feita ao redor do universo ou globo terrestre (Description du pénible voyage fait entour de l’univers ou globe terrestre), do navegador e pirata Olivier van Noort, que narra um confronto entre sua esquadra e os portugueses na baía de Guanabara; e O novo e desconhecido Mundo (De Nieuwe en Onbekende Weereld), obra mais famosa de Arnoldus Montanus, com quase 200 páginas sobre o Brasil, ilustradas com 15 imagens, publicada em 1671.

A curadora-chefe da Pinacoteca, Valéria Piccoli, comenta a relevância da chegada do novo parceiro ao portal, destacando as novas contribuições e campos de pesquisa possíveis: “A BBM é um acervo incontornável para qualquer pesquisador que se interesse pelo estudo de iconografia sobre o Brasil. Essa parceria é um passo importante para consolidar o que sempre acreditamos ser a vocação do portal: a de constituir um repositório de imagens sobre o Brasil que permita a pesquisadores de diversas áreas entender criticamente esse material, em especial à luz das recentes revisões historiográficas e debates sobre representação e relações de poder.”

Para o diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Alexandre Macchione Saes, a parceria “é uma grande oportunidade para que a BBM possa partilhar de um projeto tão relevante e reconhecido, numa parceria com instituições de excelência. Vale dizer que a Brasiliana Iconográfica é um modelo de projeto que pretendemos investir daqui para a frente, tornando a biblioteca mais do que um repositório físico e digital de seu rico acervo, mas acima de tudo uma instituição que forneça uma curadoria do conhecimento.”

Sobre a Brasiliana Iconográfica

Com um conjunto inicial de cerca de 2.500 obras, a Brasiliana Iconográfica entrou no ar em 2017. Neste ambiente digital, estão disponíveis para o público conteúdos e informações sobre a iconografia brasileira em algumas imagens fundamentais produzidas desde a chegada dos europeus ao país, no século XVI.

Formada por uma parceria público-privada, a Brasiliana Iconográfica tem como objetivo ampliar a democratização do acesso às coleções, aprofundar a transparência dos acervos e reafirmar a garantia da perenidade das obras por meio do universo digital. Além de aumentar o intercâmbio entre as instituições e aprimorar os processos de catalogação destes acervos históricos, o projeto também divulga os acervos e estimula relações, conexões e estudos de assuntos relacionados. Desde seu lançamento, a plataforma já previa a incorporação futura de recortes de outras coleções brasileiras e internacionais.

Periodicamente ampliado com novas imagens, como as que agora chegam pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, o portal é mais que uma base de dados, contando com a curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca de São Paulo, e textos trazendo conteúdos que sempre dinamizam sua apresentação. A Biblioteca Nacional, o Instituto Moreira Salles, a Pinacoteca de São Paulo e o Itaú Cultural seguem por um período à frente da gestão do portal, governança que posteriormente pode ser assumida por novos integrantes ou parceiros, nacionais ou estrangeiros.

Sobre os acervos

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Aberta em 2013, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP). Foi criada em janeiro de 2005 para abrigar e integrar a coleção brasiliana reunida ao longo de mais de 80 anos pelo bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita. Com o seu expressivo conjunto de livros e manuscritos, essa brasiliana é considerada a mais importante coleção do gênero formada por particulares. São cerca de 32 mil títulos, que correspondem a 60 mil volumes aproximadamente.

Biblioteca Nacional

Na Biblioteca Nacional, a Coleção Brasiliana é formada por um conjunto de múltiplas coleções que integram seu acervo, tendo em comum obras sobre o Brasil no todo ou em parte, impressas ou gravadas desde o século XVI até 1900, e livros de autores brasileiros impressos ou gravados no exterior até 1808. Além da coleção “brasiliana” ou “brasiliense”, possui em seu acervo obras que tenham valor bibliofílico: edições da tipografia régia, primeiras edições por unidades federativas, edições príncipes, primitivas ou originais e edições em vida – literárias, técnicas e científicas –; edições fora de mercado, produzidas por subscrição; edições de artista. Sua coleção conta ainda com periódicos, efêmeros, retratos, mapas, gravuras, partituras, fotografias etc., que englobam desde itens sobre o Brasil, produzidos a partir do século XVI, a itens publicados no país a partir do século XIX. Integram o projeto 1083 itens da coleção da Biblioteca Nacional.

Sobre a Brasiliana do Instituto Moreira Salles

A Brasiliana presente na área de Iconografia do IMS reúne cerca de 2 mil imagens, entre desenhos e aquarelas, gravuras avulsas, livros de viajantes, álbuns de suvenir e mapas. Este conjunto traz um grande número de artistas e naturalistas que retrataram o Brasil ao longo do século XIX. Entre os mais de 200 autores, entre pintores, desenhistas, gravadores e editores, encontram-se nomes caros a estudiosos da iconografia nacional, como Briggs, Cicéri, Martinet, Von Martius, entre outros, e autores pouco conhecidos, como Marguerite Tollemache e Franz Joseph Frühbeck, que permitem ampliar os estudos sobre o período.

Sobre o acervo da Coleção Brasiliana Itaú

Um dos maiores acervos corporativos de memória histórica e visual brasileira, formada por iniciativa de Olavo Setubal, a Brasiliana Itaú soma 2.900 itens, desdobrados em cerca de 7 mil imagens – de pinturas e gravuras do Brasil holandês, produzidas por Frans Post, Albert Eckhout, até as primeiras edições dos mais conhecidos álbuns iconográficos, como o de Rugendas, Debret, Chamberlain, Auguste Sisson, Schlappriz, Buvelot e Moreau e Bertichem, durante o século XIX sobre o país.

Sobre o acervo da Pinacoteca de São Paulo

A coleção de brasiliana da Pinacoteca foi grandemente enriquecida após importante doação feita pela Fundação Estudar, e hoje soma cerca de 500 obras. Entre as peças mais importantes, estão o óleo sobre tela Rio de Janeiro (1844), de Alessandro Ciccarelli, e o papel de parede panorâmico Vistas do Brasil (1829), baseado nas gravuras do livro Viagem pitoresca através do Brasil, de Rugendas.

Informações para a imprensa

Instituto Moreira Salles

Mariana Tessitore
mariana.tessitore@ims.com.br
comunicacao@ims.com.br

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Secretaria da BBM
bbm@usp.br
Rodrigo M. Garcia
Bibliotecário|Documentalista/Librarian
CRB8ª: SP-007584/O
garcia.rodrigo@usp.br

Itaú Cultural

Conteúdo Comunicação
Cristina R. Durán
cristina.duran@conteudonet.com
Carina Bordalo
carina.bordalo@terceiros.itaucultural.org.br

Pinacoteca de São Paulo

Vanessa Beltrão
vbeltrao@pinacoteca.org.br

Fundação Biblioteca Nacional

Assessoria de Comunicação
Helder de Medeiros Melo
helder.melo@bn.gov.br
comunicacaoespecial@bn.gov.br
imprensa@bn.gov.bn

Rodrigo M. Garcia

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