Paulicea Desvairada

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INSPIRAÇÃO


São Paulo! comoção da minha vida…

Os meus amores são flores feitas de original…

Arlequinal!… Traje de losangos… Cinza e Ouro…

Luz e bruma… Forno e inverno morno…

Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes…

Perfumes de Paria… Arys!

Bofetadas líricas no Trianon… Algodoal!

São Paulo! comoção de minha vida…

Galicismo a berrar nos desertos da América!

 

O poema Inspiração pertence ao livro Paulicea Desvairada, primeira obra modernista do gênero. Escrito por Mário de Andrade em 1922,  marca o rompimento definitivo do autor com todas as estruturas poéticas e literárias do passado. Sua temática é a musa das poesias, a cidade de São Paulo.

Apresenta uma poesia urbana, sintética, fragmentária e antirromântica, que retrata uma São Paulo concreta, cosmopolita e egoísta com a população heterogênea e a burguesia cínica. Com frequência é visto como um inventário das vivências, percepções e sensações desencadeadas pela modernização da cidade, com a qual o poeta apresenta uma relação ambígua ao longo do livro. A cidade ora é tumba de homens massacrados pelas monções da ambição, de bandeirantes ou de capitalistas, ora é palco de multicoloridos festejos. Seus poemas revolucionaram a linguagem poética brasileira, pregando o verso livre. Numa linguagem simples vemos o uso da ironia, de arcaísmos e coloquialismos, aliterações, trechos em língua estrangeira, eruditismo.. evidenciando aproximações com vanguardas europeias (Dadaísmo, Cubismo, Surrealismo, Futurismo e Expressionismo).

Em seu Prefácio Interessantíssimo, vemos as bases estéticas do Modernismo, movimento que transformou o panorama das artes no Brasil. É onde expõe suas idéias a respeito de poesia.

 

“Escrever arte moderna não significa jamais para mim representar a vida actual no que tem de exterior: automóveis, cinema, asfalto. Si estas palavras frequentam-me o livro não é porquê pense com elas escrever moderno, elas têm nele sua razão de ser.”

 

A BBM possui dois exemplares de Paulicea Desvairada, ambos com dedicatória de do próprio autor. Uma delas ao bibliófilo Rubens Borba de Moraes e a outra, que contém um poema manuscrito inédito de Mário de Andrade, Cantiga Final, ao também poeta Manuel Bandeira.

Ficou curioso para ler Cantiga Final com exclusividade? Acesse nossa Biblioteca Digital e confira! 😉 https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/7651

 

Vista do Theatro Municipal, Centro da cidade de São Paulo

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